segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O que estou estudando....

Dando uma pausa no assunto "viagens", vou falar um pouquinho sobre o que estou pagando aqui na Universidade de Sevilla. Como disse num post anterior, a faculdade me surpreendeu bastante positivamente. E agora que ja escolhi minhas cadeiras definitivamente, posso dizer que além de uma puta estrutura pra uma faculdade de comunicação, ela também oferece bons professores e boas asignaturas, se você souber escolher.

Estou pagando 3 cadeiras: Periodismo político internacional, relaciones internacionales e historia de españa actual. Na primeira, a professora é uma simpatia, fala muito mas parece ser bem experiente e acho que vai ser bem produtiva, porque vou ter que fazer um zilhao de crônicas internacionais e outras atividades. Só estou com medo do meu espanhol ainda pouco fluente, principalmente no texto, mas ao menos isso vai me forçar a escrever.

Em Relaciones Internacionales, o professor é super metódico, tem 500 formas de avaliação, passa prácticas, que são mini-trabalhinhos, toda semana, mas toda essa organização dele é um estímulo danado pra estudar.

Historia da España é a cadeira que mais me empolga porque sempre tive muita curiosidade de entender alguns pontinho intrigantes, como a monarquia, as autonomias, os gitanos e, claro, a guerra civil espanhola e o período franquista. Acho que aos poucos vou colocando algumas coisas interessantes aqui (alguém quer saber???hahaha)

Sim, também estou fazendo aula de español de graça na Universidade. Antes de começar, achei que seria um curso bem mais ou menos, porque pensei "curso de graça pra estrangeiro não deve prestar"... eu e meus pensamentos do Brasil...

Mas a verdade é que nunca fiz um curso de línguas tão bom em toda a minha vida. É o estilo de aula que eu gosto, sem mil joguinhos e bolinhas na parede pra acerta o alvo (como diz meu pai). Minha professora é basca, de Bilbao. Ela é bem chatinha pessoalmente, mas a aula dela é ótima. Tem gente que nasceu para ensinar e, além disso, ela tem uma super experiência com ensino para estrangeiros. Fica falando sempre "ah, os portugueses tem muita dificuldade com esse assunto", "os franceses se confudem nisso", "os tchecos - alguem aqui é da República Tcheca? - costumam não entender esse uso muito bem" ....


Enfim, acho que é isso..

Agora vou tentando equilibrar o ritmo de estudos com o de viagens. Próxima parada será Madri, na quinta-feira.

sábado, 17 de outubro de 2009

Porque Barcelona vale a pena

Las Ramblas

A maior concentração de turistas por metro quadrado. Japonês, chines, italiano, peruano, americano, essa rua é a parte mais babilônica de Barcelona e a mais fake. Inúmeros cafés, restaurantes, barzinhos, supermercados, lojinhas de souvernirs, hotéis, albergues, tudo com um preço um tanto quanto salgado. A rua tem um calçadão central, onde ficam os artistas fazendo umas perfomances legais e pedindo que você dê aquele trocado, na maioria das vezes, merecido. Ao final, tem o Monumento à Colón, onde a vista da cidade é lindíssima.


Port Vell

Logo depois do Movimento à Colón, o lugar é cheio de decks para olhar a paisagem do Mediterrâeneo. Mas também é lotado de turistas e de gente querendo roubá-los. Foi lá que roubaram a bolsa de Luísa, com todos os documentos, inclusive, o passaporte. um susto.


Bairro Gótico

A parte mais antiga de Barcelona, e sem dúvidas, a mais bonita. O bairro é cheio de resquícios medievais, incluindo a Catedral de Barcelona (construída entre o século XIII e XV) e o Museu da História da Cidade.


Museu da História da Cidade

Ainda não tive a oportunidade de conhecer muitos museus por aqui, mas este, sem dúvida, foi um dos mais interessante e bem estruturados que já fui. O museu conta a história antiga da cidade, desde a época em que se chamava Barcino, no ano não sei quanto A.C. O mais impressionante é ver ruínas de construções do Império Romano e acompanhar toda a evolução da cidade, da antiguidade e idade média.


Museu Picasso

Só de pode ver ao vivo os quadros de Picasso já fiquei bastante impressionada. Mas o museu, em termos de estrutura e organização deixa um pouco a desejar. Você fica meio perdido


Sagrada Família

Linda, porém em obras. O templo, projetado por Gaudí - aliás, em barcelona o que não falta são coisas de Gaudí - só vai ficar pronto mesmo em 2082.O museu que tem dentro da Igreja me ajudou bastante a entender um pouco o trabalho desse arquiteto, que deixou sua marca por todos os cantos de Barcelona, virando praticamente um ícone da cidade. Bem que eu queria ter subido no elevador e apreciado a vista, mas a fila enorme, com duração mínima de duas horas (segundo a plaquinha) não me deixou aproveitar o passeio por completo. Queria estar viva pra poder voltar e ver o projeto concluído. Mas se nem o coitado do Gaudí, que passou mais de dez anos da sua vida pra projetar aquilo, vai poder, quem sou eu pra querer né?


La Pedrera e Casa Battló

Minha pirangagem me permite apenas comentar a fachada dessas duas construções de Gaudí. São lindas, exóticas e de fora, ja deu pra notar que valia a pena ter entrado. Quem não quiser pagar ingresso pro La Pedrera, pode ir até o fundo da lojinha de souvernir porque de lá é possível ver o interior do prédio, e até tirar umas fotos legais.


Parq Guell

Mais Gaudí. Se eu tivesse idéia da imensidão do parque, teria reservado mais tempo para curti-lo. Não deu pra ver muita coisa, mas o lugar (e a vista) é lindo. Os jardins, as árvores, as construções, tudo é bem interessante de ver.


Barceloneta

A praia fica em Barcelona, mas só quem vai nela são os turistas. Como eu fazia parte desse grupo, fui até lá e molhei meu pé no mar Mediterrâneo, que, por sinal, é gelado. Foi uma experiência engraçada ir pra praia na Europa. Ao mesmo tempo em que vi a maioria das pessoas de roupa, sentadas na areia e tal, vi também umas 3 pessoas nuas. A praia não tem aquela quantidade insuportável de barraquinhas ocupando toda a faixa de areia, mas, em compensação, também não tinha o calor, o amendoim cozido nem o caldinho de camarão das minhas praias.


Camp Nou

É o estádio do Barça. Gigantesco e lindo por fora. Mas 17 euros era too much pra entrar e conferir. Me contentei com a lojinha mesmo.


Bosque das Fadas

Esse bar, que faz parte do Museu de Cera de Barcelona, foi feito pra quem leu Harry Potter. Eu me senti em Hogsmeade tomando cerveja amanteigada que Harry tomava com Hermione e Rony. O bar faz total jus ao nome e parece realmente um bosque de fadas, com umas plantas, cascadas e um bonecos de cera que parecem brinquedo assassino. Ele é bem carinho, mas valeu a pena ter ido.


Shoko

É uma das milhões de boates do Port Olimpiq, o ponto de baladas caras de Barcelona. Mas como a gente foi uma segunda-feira, ganhamos flyers e pudemos entrar grátis. Nada como conhecer um brasileiro, pernambucano e ainda rubro-negro que trabalha no lugar e fez questão de colocar todo mundo na área vip da boate, que só tocava hip hop e o house de sempre e todo lugar...


Museu de História da Catalunya

O museu é simplesmente fantástico. Foi o último lugar que visitei em Barcelona e funcionou como uma propaganda super bem sucedida a favor dos catalães, depois de 5 dias recebendo fora deles. Mas como nada poderia ser perfeito, depois de sair e ir na lojinha a procura de um livro sobre a história da Catalunya, vejo que só tem edições em catalão e voltei a ter raiva de todos eles de novo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

I love Barcelona???


Barcelona não é Espanha. E Barcelona é o que? É Catalunya. E Catalunya é o que?
Viajei pra Barcelona na última quinta com uma visão meio romântica da cidade, do seu povo e da sua luta. Depois de conhecer os principais pontos turísticos durante seis dias, saí de lá sentido que não conheci verdadeiramente a cidade, ou talvez, a cidade que tinha na minha cabeça, na realidade, não existia.

Achei que ia me deparar com um lugar onde a identidade cultural seria muitíssimo forte e o que vi foi uma Barcelona abarrotada de turistas de cada canto do mundo e com 500 mil pontos de visitação feitos sob medida para esse público, que, por sinal, me inclui. Todos os lugares são absurdamente lindos, desde Barceloneta, ao bairro gótico ou a Sagrada Família e as demais construções de Gaudí, sem falar nos inúmeros museus de história, arte moderna, contemporânea, barroca, erótica, tudo para atender a qualquer um que chegue. Talvez seja aí onde mora o problema. Descobri que Barcelona não tem uma identidade, mas várias, muitas, do árabe, a peruana, pasquitanês, espanhola, boliviana, brasileira,ou qualquer outra.

Aparentemente, tudo cabe ali. Seria impossível eles se sentirem espanhóis ou pertencentes a qualquer outra nação, que não a Catalunya. Mas não aquela que a gente imagina, de raízes fortíssimas e sim uma cheia de cores, caras e vozes diferentes, que encanta pela diversidade mas assusta um pouco.

O apego saudável às origens que pensava que iria encontrar pareceu ser algo mais presente no discurso do que na prática mesmo. No dia a dia, essa defesa da raízes se traduz em antipatia e tratamentos bem mal educados com quem vem de fora, qualquer um. É muito contraditório pra uma cidade que de tão turística acaba se tornando meio "fake", e perde um tiquinho de seu encanto, que não é pouco. Barcelona é linda, enlatada e pronta para o consumo. No entanto, vale a pena.



quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A gente no Blog do Torcedor

Somos tão pé quentes que no primeiro jogo que fomos do Sevilla FC, o time bateu o Real Madrid por 2 X 1. E ainda saímos no Blog do Torcedor. Eu, claro, representei o Sport que, por sinal, foi fundado no mesmo ano que o Sevilla, 1905.

Acessem e confiram:

http://jc3.uol.com.br/blogs/blogdotorcedor/canais/torcedornomundo/2009/10/07/classico_dos_classicos_em_sevilla_55370.php

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Puta Madrid, puta capital!

Um domingo tipicamente brasileiro. Almoço em "família" e futebol em seguida. A diferença é que el partido foi entre Sevilla e Real Madrid pelo campeonato Espanhol. O ingresso estava a 110 euros no pior lugar, mas mesmo assim entramos. Como pagamos por tudo isso? Não pagamos. Minha convivência com membros da Torcida Jovem do Sport me ensinou a esperar até os últimos 10 minutos de jogo e entrar de graça no estádio. Foi inacreditável.

Primeiro chegamos cedo - umas sete horas - no Nervión Plaza, que fica do lado do estádio do Sevilla. O jogo era as 21h e, enquanto não começava, ficamos peruando ao redor do estádio, olhando o movimento, tirando mil e uma fotos e esperando os onibus com os jogadores do Real e do Sevilla chegarem. Enquanto isso, conhecemos um torcedor sevillano - que era a cara de Hugo Chávez - que adorou o fato de sermos do país que vai sediar as Olimpíadas de 2016 e derrotou Madri na eleição. Foi muito interessante ver como eles tem uma rivalidade com a capital e um sentimento de injustiça cultivado. Ele disse que sempre são roubados nos jogos com os times de madri e barcelona e que tinha ficado muito feliz por Madri não ter sido a escolhida pra receber os Jogos.

Quando o ônibus do Real Madrid chegou ao campo, o grito de guerra era "puta madrid, puta capital!"... Acho que era um sentimento meio parecido ao que eu - e todos os rubro-negros - sentiram no jogo Sport x Corinthians, na final da Copa do Brasil, em 2008 (aproveito pra lembrar que o Sport foi campeão). As músicas que eles cantam pro Sevilla são muito lindas, fiquei arrepiada quando vi, e me senti como se fosse torcedora sevillana desde pequenininha. Aderi à causa.

Por sinal, o cara com que a gente estava conversando odiava Kaka e dizia que Gutie (jogador do Real) era maricón (Gutie Maricón, Gutie Maricón!!!).

Fomos pra um barzinho perto do estádio para assistir o primeiro tempo do jogo, comemos na Mc e fomos pra frente dos portões para entrar nos minutos finais. Encontramos um grupo de gaúchos que deram a alegre notícia de empate do Sport contra o Grêmio e aí, os portões se abriram. Simplesmente não acreditei quando entrei correndo naquele estádio e vi o pessoal louco gritando pelo Sevilla. O melhor é que eles cantavam Gipsie King: Djobi djoba cada día que te quiero más, djobi djobi e lalalala. Fiquei eufórica, cantei tudo, o Sevilla ganhou por 2 X 1 e nem Kaka nem Luís Fabiano fizeram gol.

Voltar pra casa foi a maior tranquilidade. Pegamos um ônibus, esperamos 20 minutos, e com mais 20 estávamos em casa, sem nenhum atormento. Talvez o domingo não tenha sido tão tipicamente brasileiro assim, mas foi inesquecível.

Aí vão algumas fotos:









sábado, 3 de outubro de 2009

O CAC é universal




Eu que pensava que ia chegar na Espanha, entra na Facultad de Comunicación de la US e encontrar um ambiente super diferente do CAC-UFPE. É engraçado como as coisas são. Na porta do prédio ultramodernoso (essa parte não é parecida, diga-se de passagem), encontro um monte de gente com ares alternativos,e algumas vezes até meio teenager a la High School Musical. Não que as pessoas aqui não sejam ultra estilosas 24 horas por dia, mas na FC parece que todo mundo queria ser um pouco mais, não dava pra ser básico, usar uma calça, um tenis e uma blusinha. Tem que ter algum bregueço no cabelo, as roupas tem que ser cheias de sobreposições, nada muito simples. Parece que o ar "queremos ser diferente" do CAC é mesmo universal.

E não que eu não goste disso. Gostei porque me senti em casa, se não fossem as megas instalações e estúdios de Tv que encontrei, além das salas imensas e equipadas com data show, computador, etc. Esse negócio de reservar data show no DCOM com não sei quantos dias de antecedência não tá com nada por aqui!Mesmo com toda essa modernidade, eles usam quadro de giz, como assim? O professor vai escrever no quadro e faz aquele barulhinho horrível, argh ...



Nem tudo são flores. Na primeira semana de aula, aquela mesma historinha da UFPE. O professor tal só vai dar aula na semana que vem, o outro tá doente, só no mês que vem. Aí tem aqueles que foram pra um congresso e também não iam poder dar aula. Mas tive até sorte. Das quatro cadeiras que assisti, gostei de duas: Sociologia da Cultura e Relações Internacionais. Nessa o professor era tão metódico, que me confundiu com os seus 500 sistemas de avaliação continuada, mais os pontos extras e bla bla bla, mas entendi o principal, que era de que eu tinha que fazer tudo e cumprir todos os trabalhos.

Mas foi na sua aula que me dei conta de onde realmente estou e com quem estou convivendo. Falando sobre a colonização francesa, inglesa e portuguesa nos países do sul, ele fez questão de ressaltar (uma mea culpa) que os colonos espanhóis tiveram uma peculiaridade. Eles não chegaram à América com a intenção de matar ou de fazer um genocídio (embora tenham dizimado os incas, maias, astecas, só pra dar um exemplo). A justificativa é que eles chegaram ATÉ a se misturar com os povos americanos, vejam que coisa! Me senti mais aliviada em saber que toda a matança foi sem intenção e comecei até a simpatizar com o processo de colonização europeu.

Mas, enfim, vou dar um desconto. Do mesmo jeito que a gente passa boa parte do Ensino Fundamental ouvindo que Duque de Caxias foi o herói na Guerra do Paraguai ou que Calabar traiu Pernambuco na luta contra os holandeses, eles por aqui também devem ouvir algumas outras coisas bizarras sobre a história deles. Na verdade estou até torcendo para o professor dizer mais coisas do tipo. Discordâncias à parte, é muito interessante observar como eles enxergam a América Latina, o Brasil, e, consequentemente, a gente mesmo.

Olimpíadas e Patriotismo

Nem sei o quanto a responsabilidade de sediar umas Olimpíadas - assim como também uma Copa do Mundo -vai ser bom para o Brasil, mas que eu fiquei muito feliz de o RJ ter sido a escolhida para ser a sede, isso fiquei. Primeiro porque derrotou MADRID justamente num diaem que meu vizinho espanhol, sem motivo nenhum, veio reclamar do barulho das cadeiras a noite, e dizer que acorda às seis da manha e bla bla bla (e ele não era um velho, ele tinha 25 anos no máximo). Acho que essa história de Olimpíadas nem afeta a todos aqui - pelo menos, em Sevilla - mas me senti vingada, não sei porque.

Lula mais uma vez deu um show discursando, e deixando de lado as críticas a seu governo, ele emociona, sempre! Uma das coisas que mais senti saudade foi poder ligar a TV às 20h da noite e ver o casal Bonner (meu pai vai me matar) fazendo uma mega cobertura do evento. Tive que me contentar com o youtube mesmo.

Passada a euforia e o sentimento patriótico repentino, espero que meu senso crítico volte e, logo mais, eu passe a duvidar novamente dos reais benefícios que essas Olimpiadas podem trazer pro Brasil. Mas que de 2014 a 2016 o país vai parar, isso vai. E que vão se dois anos de festa também. E eu vou estar lá pra ver, curtir e depois falar mal =)