domingo, 29 de novembro de 2009

Marrocos



Há uma semana atrás estávamos embarcando pro Marrocos eu, Luiz Paulo, Mirella, Natália e Flávia. A soma dos fatores passagem barata (14 euros ida e volta pela ryanair) + proximidade (fica a menos de uma hora de Sevilla) + curiosidade de conhecer um país mulçumano, africano e árabe motivou a viagem e lá fomos nós munidos de toda insegurança e desconfiança que nossa educação ocidental tratou de cultivar em relação aos que vivem do lado de lá.

Chegamos em Fez às 10h e depois de ver os letreiros do aeroporto escritos em árabe, a ficha caiu: "estamos do Marrocos". Passamos pela imigração e não imaginava que iria me deparar com três atendentes mulheres. Do lado de fora, Mohammed estava nos esperando para nos levar até o Hotel. Ligamos no dia anterior e pedimos um transfer, que saiu por 200 dh (pouco menos de 20 euros). A gente poderia até ter pego um táxi ou um petit taxi que sempre tem de monte no aeroporto, mas como a gente ainda não estava muito por dentro do funcionamento das coisas por lá, preferimos não arriscar e terminou que Mohammed ficou como nosso guia durante todos os dias.

Guia no Marrocos, ao menos pra quem é marinheiro de primeira viagem feito nós, é indispensável. Tudo é tão incrivelmente diferente que não custa nada ter alguém que conheça o lugar pra acompanhar.

Chegamos no Hotel Zarhir Al Jabal, que por sinal era ótimo, e de lá fomos almoçar na Mc Donalds de Fez, que ficou sendo nosso point noturno durante todos os dias. Ninguém do grupo tava muito afim de conhecer a gastronomia marroquina, muito menos eu que sou chata ao cubo com comida e a Mc acabou sendo uma boa opção, porque era barata e ficava num lugar mais alto da cidade, de onde dava pra ver toda a medina (a parte medieval, onde tem o mercado, as lojas, etc. quem viu "O clone", vai saber).

E foi lá justamente onde gastamos nossa primeira tarde. Pelo que eu tinha lido na internet, a medina deveria ser algo super chocante, sujo e mal-cheiroso, mas foi bem mais que isso. Foi fantástico ver as tapeçarias, cerâmicas e os trabalhos com couro marroquino. Eles são realmente bons de artesanado e de comércio, para o que eu não tenho a mínima paciência. Eles tem o costume de negociar em tudo, desde um chaveirinho de 10 dh a qualquer outra peça mais cara. Eles já sabem que você é turista e botam um preço lá em cima, aí você desiste, diz que não quer, e eles sempre retrucam: "quanto você acha que vale?" ou "quanto você pode dar". Quem tem saco fica lá negociando o preço, eu como não tinha nenhum, desistia de comprar, na maioria das vezes.



Na loja de couro, o comerciante grudou em mim só porque eu perguntei quanto custava uma bolsa de couro de camelo. Eu nem sabia direito se queria mesmo comprá-la e perguntei por curiosidade, até porque quem me conhece sabe que adoro saber o preços das coisas. Enfim, ele disse um preço absurdo para o meu bolso de estudantebrasileiravivendonaeuropaedandoumpulonomarrocos e simplesmente disse, ok, obrigada. Como a gente demorou muito na loja, ele ficou até irmos embora perguntando quanto eu poderia dar e me oferecendo a bolsa por 1 milhão de preços diferentes, mas nada disso foi suficiente para eu levar. No final, já estava irritada e louca pra sair da loja.

A regra é simples. Como turistas seremos sempre roubados. Se tiver paciência e gostar de negociar, converse com o vendedor e se ele não fizer o seu preço, vire as costas e vá embora. Eu particularmente acho isso horrível, mas em Fez (e dizem que no Marrocos, em geral), até que funciona. Mas tem uma ressalva. Acho que alguns comerciantes já sacaram essa dica do "vire as costas" que está em qualquer site ou guia de viagem ao Marrocos e alguns deles são bem firmes no preço e no desconto estabelecido.

Bem, mas o legal da medina não são só as compras, e sim a possibilidade de ver os marroquinos no dia a dia. Passamos por várias mesquitas e a hora da oração é realmente sagrada para eles. Uma rádio de alto-falante chamam todos para a mesquita e aí realmente se vê todos (ou quase todos) se dirigindo a ela e nós, claro, não podemos entrar.

Só pudemos conhecer a mesquita de Mekness (uma cidadezinha perto de Fez) em que a Mesquita é aberta para os turistas. O que mais me impressionou, além de arquitetura, é a acústica do lugar. Qualquer coisa que se fale, ecoa por todos os lados da mesquita, onde vão homens e mulheres mulçumanos, e as crianças só a partir da puberdade.



Atentado terrorista

O título é só exagero, mas é que aconteceu um pequeno incidente quando estávamos indo para Volubilis, uma cidade a 30 minutos de Fez. Estávamos passando por um mercado um tanto quanto caótico, cheio de gente, carros e ovelhas. Na direção contrária vinha um ônibus de turismo da Alsa, uma cia espanhola. Aí foi quando vimos uma pedra sendo atirada contra o ônibus. Tudo bem. Todos felizes, filmando, Mohammed, nosso guia, contando sobre o mercado e bla bla bla e eis que jogam uma pedra que quebra o vidro lateral do nosso carro. Por sorte, ninguém se machucou (nessa hora eu lembrei o que me minha mãe tinha me dito: "seu plano de saúde não cobre o Marrocos"), mas na hora eu simplesmente me abaixei (Natália e Mirella não, e não sei por que) e pela minha cabeça só passavam pensamentos do tipo "meu deus o que eu estou fazendo aqui? porque eu vim pra cá? vão jogar pedras por todos os lados e vamos morrer apedrejados e o carro saqueado"). Luiz Paulo conseguiu emitir a frase "Mohammed, por favor, vamos para as ruínas!! (ele se referiu às ruínas romanas que estávamos indo conhecer)

Bem, o cara acabou de ter o vidro do carro (que não era seu) quebrado e claro que ele não iria para ruínas nenhuma. Ele simplesmente parou o carro no meio da rua (eu continuava abaixada atrás do banco) e foi ver o que estava acontecendo. A sorte foi que as pessoas que rodeavam o carro estavam relativamente calmas e dizendo que não tinha sido elas que atiraram a pedra. Foi quando percebemos que não iríamos morrer apedrejados e que não viriam pedras de todos os lados. Nessa hora eu me levantei (tremendo, claro) e fomos para a delegacia que , graças a Deus, ficava a 50 metros do lugar.



Paramos ali e sentamos no pátio da delegacia, enquanto Mohamed resolvia o problema. Choramos, comemos, nos acalmamos e rimos. Uma hora depois veio o policial pedindo desculpas, dizendo que ninguem tinha nada contra os turistas, que provavelmente tinha sido um louco quem tinha feito isso, etc e tal. No final das contas, tentaram achar o louco e a família do louco pra pagar o vidro, mas não conseguiram. Segundo Mohamed, ele mesmo, então teria que pagar. Ficamos com pena, mas duvidamos um pouco da cara de coitadinho que ele fez, e de qualquer maneira, não tínhamos dinheiro para ajudar.

Fomos, finalmente, ver as ruínas romanas (esses romanos estão em todo canto!). Tiramos um milhão de fotos, achamos tudo muito bonito, mas a verdade é que estávamos um pouco cansados e desgastados depois do ocorrido. Seguimos para Mekness, onde vimos um dos 123435 palácios reais e a mesquita voltada para turistas. Voltamos para o hotel e terminamos o dia, claro na Mc Donalds.

Caminhar a noite por Fez é meio esquisito. Nosso grupo era de 4 mulheres e um único homem. Homens, aliás, é o que só tem na rua, nos bares e restaurantes durante a noite. Me senti bem acuada. Onde estavam as mulheres de Fez? Juro que tento olhar pra isso com um mínimo de alteridade, mas não consigo. Acho que o conselho que li em todos os sites de viagem de não ir ao Marrocos só com mulheres é bastante válido. Não que necessariamente vá acontecer alguma coisa, mas acho que a presença de homens no grupo nos deixa menos vulneráveis.


No último dia, tínhamos a opção de conhecer os montes de Medio Atlas, a floresta de cedros, etc, mas optamos por ficar em Fez, passear de novo pela medina e comprar mais algumas coisinhas. Como já estávamos craques no quesito negociação, conseguimos (ou melhor, o pessoal conseguiu) preços bem melhores. Pra quem quer e pode comprar, realmente é o paraíso. O saldo final foi um lencinho nada marroquino, enfeites para a casa, chaveiros, brincos e uma boa dose de experiência.

Não dá pra dizer que é uma viagem relaxante e extremamente divertida. É essencialmente turística e relativamente tranquila, ao menos, no nosso caso. Tudo é diferente demais, então fica um pouco difícil se sentir completamente à vontade. Naturalmente, tudo gera desconfiança e isso se deve de certo modo a nossa ignorância ou a nossos conceitos pré-formulados sobre a cultura árabe e islâmica. Enfim, saldo positivo e rumo a Lisboa rever os amigos!!!

3 comentários:

guilherme disse...

que experiência massa! tenho certeza que valeu a pena.

guilherme disse...

que experiência massa! tenho certeza que valeu a pena.

Anônimo disse...

vc deve ser chata demais e p uma estudante de jornalismo, seu texto é péssimo, malz